*Este texto integrou o projeto "Tabuu - paradigmas da beleza", do qual fui Colunista e Editor de Conteúdo em seus quatro primeiros meses de existência.
O dito popular é que “o amor é cego”, que quem ama não enxerga defeitos e muitas vezes se ilude em suas próprias fantasias. Confesso que concordo em parte, mas não partilho dessa teoria. Penso que amar nos abre os olhos. Nos faz prestar atenção no que realmente importa. Não apenas no rosto ou no corpo da pessoa, mas da tão dita, mas pouco cultuada, beleza interior.
Não me refiro aqui a paixão acendida apenas pelo calor dos momentos, ou àquelas relações baseadas apenas em tesão. Falo do amor verdadeiro. Cantado em canções tão lindas, narrado em romances épicos, retratado nas telas do cinema, mas tão pouco valorizado e, ao que me parece, completamente desacreditado em nossos dias. Para alguns, mero tema de ficção. Para outros, uma realidade.
A semana é dos namorados. Loucos apaixonados. Corações inconstantes em busca de afeto e de aprovação. Alguns banalizam esse tipo de relacionamento, mas estes se esquecem de que o namoro é o primeiro passo ao lado daquela pessoa que, talvez, seja nossa companhia de caminhada até o fim de nossos dias. O namoro é o primeiro movimento para o “até que a morte nos separe”. E é um enorme aprendizado.
Namorando aprendemos a não ser mais apenas um, mas um com o outro. Deixar um pouco de lado o “eu” e começar a cogitar a existência do “nós”. É o começo da descoberta do sexo alheio. Não que um homem consiga desvendar os meandros da mente feminina, ou vice-versa, mas na relação, no convívio, na troca de experiências e de rotinas é que se descobre a palavra “compaixão”. Compaixão, compadecer, entender, as alegrias, os medos, as qualidades, os defeitos, as verdades e as mentiras do outro. Colocar-se no lugar do outro.
Namorar nos torna pessoas melhores. Digo por experiência e por observação. Dizem que “ninguém muda ninguém”. Eu discordo. Quando estamos dispostos a sermos melhores, não só pelo outro, mas por nós mesmos, a ajuda de alguém amado faz diferença. Óbvio que muitos namoros não dão certo. Tem gente que precisa namorar 10 vezes para encontrar a pessoa certa. Outros apenas uma.
Entendo que possa não existir a pessoa certa. Mas existe o nosso esforço e disposição para fazer dar certo. Almas gêmeas podem ser coisas de contos de fadas. Porém, casais que vivem mais de 50 anos juntos (e felizes) são bem reais. Raros em nossos tempos, cada vez mais, mas reais. Quem ama não só se torna melhor para o outro. Mas para si mesmo e para as pessoas com as quais convive.
Quem ama sofre muito. Mas também se alegra. O sofrimento vem pelo medo do não ser aceito, de não conseguir compreender ou ser compreendido. A alegria vem por perceber que nossa existência tem significado. Saber que somos importantes para alguém. Que fazemos a diferença na vida do outro.
O caro amigo leitor pode estar estranhando o tom dessa minha coluna de hoje. Explico. Primeiro, a data requer uma abordagem especial. Segundo, o projeto Tabuu está quebrando seus próprios tabus e, aos poucos, vai se reinventar. “Vão-se os anéis, ficam-se os dedos”. Se quebramos alguns tabus, muitos outros permanecem. Ir contra a maré. Guiar pela direção contrária. Evitar os clichês. Atormentar o senso considerado comum.
Ser uma nova voz desprovida de pré-conceitos, seja de que natureza for. Debater sem papas na língua. Abordar assuntos, ditos, polêmicos ou aqueles do quais ninguém quer ou tem medo de falar. É nessa direção que o Tabuu vai. O primeiro passo foi dado por mim. Um simples e modesto passo. Mas essa foi minha singela mensagem e apreço ao dia dos namorados.
Uma data comercial. Mas que pode significar muito mais que uma troca de presentes. Mas um momento para reflexão. Sendo assim, o que lhes digo, meus caros, é que o verdadeiro amor não é cego e nem nos ilude, ele apenas nos abre os olhos. Nos faz enxergar melhor, pois usa óculos.
Grande abraço, seus apaixonados!
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