domingo, 24 de novembro de 2013

FAMÍLIA PERDE TUDO EM ENCHENTE*

*Matéria publicada no Portal Unicos (Unisinos Comunicação Social) e na edição 20 (novembro de 2013) do jornal Babélia - publicação experimental do curso de Jornalismo da Unisinos.

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Uma família de sete pessoas, residente do Bairro Feitoria/Madezatti, em São Leopoldo, perdeu quase tudo e precisa de móveis, eletrodomésticos e materiais de construção para fazer reparos na casa.


Jaqueline Carvalho, dona da casa, relatou que desde que mora no local já presenciou duas enchentes. Entretanto nenhuma tinha sido tão grave quanto a mais recente, que deixou a moradia completamente embaixo d’água. A enchente, a maior desde 1965, ocorrida em agosto, alagou completamente a residência da família.

A água levou embora praticamente todos os seus pertences. O pouco que se salvou foram alguns móveis como cadeiras, uma pequena estante de madeira, a geladeira e o fogão. Todo o resto, incluindo roupas e alimentos foi para o lixo. A estrutura do lugar também foi atingida: uma parede desabou e o chão também está em vias de cair porque as madeiras estão rachadas e apodrecidas.

Jaqueline Carvalho, 28 anos, desempregada, mora na mesma local há cerca de oito anos. Mãe de quatro filhos, com idades entre um e nove anos, ela convive com seu marido Roberson Oliveira da Silva há dois anos. A mãe dela, Dona Nilva da Silva também mora na casa. Roberson, 20 anos, é auxiliar de pedreiro e é quem, ao lado de Dona Nilva, dá o sustento para a família. Dona Nilva é aposentada, mas pouco consegue fazer com seu salário. Ela afirma que o que recebe não dá conta das despesas. “Eu sou aposentada, mas acontece que (o dinheiro) não chega”. Jaqueline que costuma trabalhar de doméstica não está trabalhando por não conseguir emprego.

Sem condições para reconstruir, a solução encontrada foi tapar a parede que desabou com uma lona, emprestada do irmão de Jaqueline. A casa permaneceu embaixo d’água por quase duas semanas. Neste período a família ficou no Centro de Eventos (antigo Imalas), na Avenida São Borja, que abrigou muitos moradores atingidos pela catástrofe.

Desta forma, a filha mais velha de nove anos não pôde ir à escola. Roberson também foi prejudicado: perdeu o emprego pois durante uma semana não condições para ir trabalhar: lhe faltava roupas e dinheiro para o transporte. Ele conseguiu um novo emprego, mas, afirma que, “não dá conta das despesas, porque paga muito pouco”.

Dona Nilva, padece de alguns problemas de saúde típicos da velhice como hipertensão e fraqueza nos ossos. A aposentada sofre com dores nas pernas e tem grande dificuldade para caminhar.

Os moradores da região vivem em uma área de risco. Eles afirmam que têm consciência disso, mas por falta de opção não podem sair dali. O local onde vivem é de área verde, as casas construídas no lugar são todas de pessoas que invadiram o terreno.

Sendo assim, além da condição precária das residências há problemas como a insegurança e a falta de saneamento básico, pois nenhuma das casas têm esgoto. “Já tentamos falar com a prefeitura, mas eles nos disseram que não podem colocar esgoto aqui porque é área verde”, afirmou Roberson Oliveira.

Todos os dejetos são escoados para a parte de trás das moradias onde fica um banhado; à céu aberto essa sujeira facilita a proliferação de inúmeras doenças. Além disso, os entulhos que ficaram da destruição causada pela água, na casa e nos móveis, permaneciam em frente ao terreno, mais de um mês após a tragédia.