*Este texto integrou o projeto "Tabuu - paradigmas da beleza", do qual fui Colunista e Editor de Conteúdo em seus quatro primeiros meses de existência.
Na última semana, Gisele Bündchen se despediu das passarelas. A modelo brasileira, que foi a número um do mundo por praticamente toda a sua carreira, fez o derradeiro desfile no palco da SPFW. Após 20 anos de estrada, a gaúcha de Horizontina despediu-se no Brasil. Nada mais justo. A moça, hoje com 34 anos, já emplacava capas de revistas, como a da Vogue dos EUA - considerada a Bíblia da moda -, desde os seus 18 anos de idade. Ao longo da sua história, a mais famosa integrante da família Bündchen, estampou mais de 1,2 mil capas em revistas. Segundo a revista Forbes, só entre 2013 e 2014, a top faturou mais de R$ 140 milhões. A maior modelo de todos os tempos figura entre as 100 celebridades mais bem pagas do mundo.
Até aqui nenhuma surpresa. Nada que não seja esperado da mulher, dita, mais linda do mundo. Mas, e se eu te disser que por anos, quando era bem mais nova, Gisele sofrera bullying devido a sua aparência física? E se eu acrescentar afirmando que a mesma Gisele tem uma irmã gêmea?
Considerada, hipoteticamente, como a mais bonita do planeta, Gisele Bündchen não fora sempre este espetáculo de mulher. Pelo contrário, a pequena Gisele foi vítima do clássico, e infelizmente tradicional, bullying. O ato de menosprezar, maldizer, humilhar e, por vezes, até atacar fisicamente o outro. Fato que se deve, apenas, ao motivo de um certo indivíduo não se encaixar nos padrões pré-estabelecidos na cabeça do senso, mais do que, comum.
No caso da conceituada top internacional, a aparência física atípica é o que lhe tornava alvo de bullying. A pequena Gisele era considerada feia, magrela, pálida, esquálida, alta demais para sua idade. O biotipo fora do comum foi motivo suficiente para a atitude covarde de discriminação.
Desde muito tempo, não são poucas as brasileiras, ainda muito jovens, que se espelham em Gisele. Tomam-na como um exemplo a ser seguido. Uma meta a ser alcançada. Histórias como a da top mostram que a beleza é relativa, e faz parte de uma construção social. Não é novidade que Gisele sempre despertou os olhares desejosos dos homens (e porque não, de outras mulheres). Suas curvas atraem atenção. Entretanto, as da irmã gêmea dela, Patrícia Bündchen, não. Qual o motivo? Falta-lhe a fama da irmã. Apesar de Patrícia trabalhar junto de Gisele, fechar as campanhas publicitárias e ser a porta-voz da top para com a imprensa. O glamour em torno das passarelas atribui uma certa catarse ao público. Fama embeleza.
Que o digam Luciano Huck, Ronaldo Nazário ou até mesmo Ronaldinho gaúcho. Analisando friamente estão longe de serem padrões de beleza. Sem fama ou dinheiro seriam menosprezados. Com o status que têm, são desejados.
A maior modelo que o mundo já viu, se aposentou. Mas não sem antes influenciar definitivamente a sua e as próximas gerações. Ela foi fator determinante na mudança dos padrões de beleza. Toda menina tem que ser magra. Essa sempre foi a regra. Mas o físico privilegiado de Gisele transformou esse perfil. Segundo especialistas do mundo da moda, hoje, modelo pode ter peito. Os seios avantajados da deusa das passarelas conquistaram o direito de todas as outras modelos não precisarem mais serem tábuas.
É, como diria o poeta Badaui, do CPM 22, o mundo dá voltas. Padrões, caro amigo leitor, estão aí para serem contestados. Gisele é a prova de que, beleza, é questão de ponto de vista, de tempo, de referência, de construção social. Porém, mais do que isso, beleza é questão de gosto. Antes de buscar ser belo aos olhos dos outros, busque sentir-se bem consigo mesmo. Pois, a top que era alvo de bullying por não se enquadrar nos padrões de beleza, os transformou e hoje decreta o fim de uma era.
Grande abraço, seus lindos.
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