segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

PROFESSORES DA UNISINOS DEBATEM SOBRE A SITUAÇÃO DA MÍDIA NA AMÉRICA LATINA

Carlos Alberto Jahn, João Martins Ladeira e Bruno Lima Rocha discutiram, entre outros assuntos, a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucos, a falta de polifonia e a urgência de uma democratização da mídia. O debate, que faz parte da programação da Semana da Comunicação Unisinos 2013-2, ocorreu nesta quarta-feira (06/11) na sala 3D 109 das 19:30 às 22:00hs e contou com a mediação de Débora Gadret.


A conversa se deu através de uma explanação inicial dos debatedores à respeito dos principais assuntos que envolvem as mídias de massa na América Latina. Após isso, a partir de pautas propostas pela mediadora Débora Gadret e questões feitas pelos alunos que assistiam ao encontro, aprofundaram os temas centrais da discussão.

Carlos Alberto Jahn falou sobre a importância dos Marcos Regulatórios no processo de democratização das mídias. Propôs questões como a urbanização e de que forma as mídias afetam este processo. Lembrou dos grandes conglomerados midiáticos existentes na América Latina: Televisa no México; Grupo Clarín na Argentina; Globo e Abril no Brasil, etc.

Salientou os problemas da monopolização, como por exemplo, a falta de polifonia, de diversidade de temas e de “ofertas de sentido” - segundo ele, termo mais adequado do que “influência”. “Quantos negros ou indígenas aparecem nesses produtos de mídia?”, questionou Carlos. “Estamos migrando para um momento de convergência da mídia e as grandes indústrias continuam a dominar as ofertas de sentido”. 

Ele afirmou ainda que a falta de uma legislação competente é o que propicia a existência dessa concentração dos meios nas mãos dos poucos “donos da mídia”. A Constituição Brasileira de 1988 estabelece que é o Estado que deve emitir as licenças, autorizar, dar as concessões de mídias. Entretanto, boa parte dos congressistas são donos de jornais, rádios, televisões, etc. 

Por fim, Jahn pontuou a importância de movimentos sociais como FNDC e Intervozes que lutam pela democratização da mídia. De acordo com o professor, somos meros reprodutores de “mais do mesmo” e “muito pouco se cria de novo, apenas replicamos as ofertas de sentido das grandes indústrias”.

João Martins Ladeira iniciou sua fala dizendo que ”talvez existam dois mundos na televisão brasileira, um da TV aberta que é imutável e o outro da TV paga (por cabo, satélite...) segmentada e em constante transformação”. Ele falou principalmente sobre as transformações que a televisão brasileira vem sofrendo nos últimos 20 anos.

Segundo Ladeira, até os anos 1990 os canais de televisão estavam delimitados pelas fronteiras de seus respectivos países. No início da década de 90 a Globo e a Abril tentaram implementar a televisão segmentada. Não obteram sucesso e tiveram de se associar à grupos globais de comunicação. Por fim, acabaram por vender suas concessões de TV a cabo que, coincidentemente, foram (ambas) compradas não por empresas de comunicação, mas sim, por empresas de telecomunicação.

Graças a estes fatores, mais o advento da internet com, por exemplo, o streaming de serviços como o Net Flix, Ladeira afirmou que “as relações de poder (na mídia) estão mudando”.

Bruno Lima Rocha focou seu discurso no conflito de interesses existente em todas as indústrias de comunicação na América Latina. Ele ressaltou que é preciso que se crie condições para haver a polifonia e que “a extrema concentração de meios é evitável (apenas) através da política”. Falou ainda sobre a origem dos meios de comunicação na América Latina.

Rocha concluiu dizendo que só a democratização da mídia gerará a polifonia. E que, mais concessões de meios significaria mais empregos, mais repórteres e menos assessores. Nas palavras dele “mais gente batendo e menos gente defendendo”.

Mailsom Portalete

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